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JOSÉ COUTO
(BRASIL – RIO GRANDE DO SUL)
JOSÉ COUTO (Porto Alegre, RS).
Professor e poeta brasileiro.
Pós-graduado em Educação Ambiental no Centro Universitário La Salle. Cursou como aluno especial o curso de Literatura Brasileira e o de Educação na área de Estudos Culturais na UFRGS, tendo alcançado o mestrado em Educação Ambiental na FURGS.
É autor de “A impertinência da escrita (Editora Alcance, 2010), “O Soneto de Pandora” (Editora Penaluz, 2017),
“O Unicórnio do Sul e outras lendas poéticas (“Editora Autografia, 2018”), Sete cânticos negros e Outros Tantos Orikis Negros e Índios” (Caminho Editorial, 2022.
DANIEL, Claudio. NOVAS VOZES DA POESIA
BRASILEIRA. Uma antologia crítica. Capa: Thiti
Johnson. Cajazeiras: Arribação, 258 p.
ISBN 978-85-6036-3333365-6
Exemplar biblioteca de Antonio Miranda
MEJÊ
sete velas perfumadas pra nanã
sete cantos desconcertantes
na pele da nação yorubá
sete estrelas alaranjadas do Kilimanjaro
vão agradar iemanjá
sete flores do manjericão roxo
do sertão vão perfumar xoroquê
sete cores efervescentes girando
nas chakras da paixão
sete caminhos bifurcados
estradas de sim e não
sete silêncios ocos
no voo da meditação
meje ao avesso metadilõgún
sete velas desconcertantes pra nanã
sete cantos perfumados
na pele da nação yorubá
sete estrelas do manjericão roxo
lá no kilimanjaro vão agradar xoroquê
sete flores flor da laranjeira vermelha
do sertão vão perfumar iemanjá
sete cores efervescentes
girando caminhos bifurcados
O TEMPLO
eu penso no hálito de gim e café frio
do solitário cafetão sifilítico
quando vejo a magreza das meninas
contabilizando minguados michês
de seus corpos ocres de não tempo
eu penso no odor do liberal
em sua singela sinceridade
distribuindo moedas
nos semáforos dos tempo interrompido
um desolhar de revés
tempo desassossegado fluindo indo in
eu penso no êxtase de jimi rendrix compondo little
wing
o ácido no pico exercendo a não liberdade
quando ouço um acorde dissonante ou iluminado
transmutando-nos em seres dedlicados altruístas
ressignificando perversas desumanidades
eu penso sem charles baudelaire
alucinado de ópio e insight desfigurado
reescrevendo a modernidade
“é que nossa alma arriscou pouco ou quase nada.”
quando escrevo o que minha anima inspira
nessas horas onde o tempo germina
auroras luminosas de nossa impermanência
um desolhar de revés
tempo de sincronicidade relâmpagos dissipando-se em silêncios
NÃO ESTAR
desacomodado desejo as fragrâncias etéreas da partidas
não estar aqui e nem em qualquer outro lugar algum
me ensinou a compreender o silêncio da água
a fenda secular forjada na rocha gota a gota
não estar não permite extraviar-me nem criar raízes
não estou no tempo tampouco fora dele
um beijo que levo consigo embora amargurado
me identifica no não corpo marcado de intermináveis
abandonos
não estar não me confunde nem esclarece
sei ainda que na brevidade que amei e fui amado
uma árvore expor sua nudez a um pássaro
antes de sua seiva secar o perfume das bergamotas
sei que acariciando o opaco das cicatrizes
reencontro sinais indecifráveis enclausurados na pele dos
ossos
agora pretendo um dia indagar no dia que não estive
para onde foi disseminada a luz o sopro o olhar o oco as
sobras?
não estar quiçá nem tanto nem pouco... pondera...
*
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Página publicada em setembro de 2024
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